Abramat faz balanço do ano, que deve encerrar com crescimento de vendas no varejo de 9,2%

Mas a associação que reúne indústrias de materiais de construção ressalta que acúmulo de estoque nas lojas ainda é grande

Por Conexão Construção 28/11/2017 - 10:23 hs

A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat) reuniu seus associados para apresentar um balanço de 2017 e as projeções para 2018. O evento, que ocorreu na unidade Berrini da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, contou com apresentação feita pela economista da casa, Ana Maria Castelo. Após apresentação dos dados, foi a vez de Walter Cover, presidente da associação, conduzir um debate entre os associados sobre os resultados e previsões trazidas.

Com retração iniciada no último trimestre de 2013, a cadeia da construção começa a apresentar sinais de recuperação, acompanhando o reaquecimento econômico vivido pelo país no segundo semestre de 2017. Os principais motivos citados partem do contexto macroeconômico, com a manutenção da baixa taxa de inflação, ao microeconômico, com a liberação de fundos inativos do FGTS. Essa combinação de fatores ocasionou uma retomada no consumo por parte das famílias, que cresceu 1,4% no semestre segundo o IBGE.

O tom, entretanto, ainda é cuidadoso. Apesar do crescimento nas vendas em varejo, previstas para fechar o ano com alta de 9,2% em relação ao ano anterior, a indústria dos materiais de construção ainda conta com estatísticas negativas. O acúmulo de estoque nas lojas fez com que o consumo ainda não afetasse diretamente o volume de produção e vendas da indústria. Dados do IBGE apontam crescimento na produção física de materiais de construção apenas no último trimestre do ano, insuficiente para evitar o resultado anual negativo, que estará em torno de -2,4%.

Na análise da associação, os primeiros dados são positivos, começando pelo grau de confiança do empresariado que cresce em toda a economia. O ICI, índice desenvolvido pelo IBGE para medir a confiança dos diferentes segmentos da economia, apresenta valor 95,4 para a indústria de transformações e 90,6 para a indústria da construção. A diferença é explicada pela situação orçamentária prevista para 2018: como a construção recebe 52% dos recursos de investimento público, as contenções de gastos do governo federal influenciam a perspectiva do empresariado.

Para a Abramat, o ano de 2018 iniciará com um impacto positivo gerado pela recente contratação de novas unidades do Minha Casa Minha Vida, contudo o setor prevê uma discrepância entre o primeiro e segundo semestres, sendo o último menos movimentado devido ao processo eleitoral que estará em curso. As eleições, além de resfriarem a economia, são um momento importante de definição dos quadros responsáveis por pensar nas políticas macro e microeconômicas que influenciam a economia como um todo.

Atualmente, com previsões de uma inflação ainda controlada – com previsão do IPCA em 4%- taxa de juros baixa, meta da Selic prevista para 7%, e expectativa de crescimento de 2,5% do PIB a tendência é de crescimento. Ana Maria Castelo, após trazer os dados gerais da economia brasileira para 2018, apontou para o crescente déficit fiscal do país, indicando a importância fundamental de uma reforma tributária que, ainda que não conte com aumento na carga, já traria benefícios com a simplificação do sistema.

“O cenário é mais animador do que o que encaramos no fechamento de anos anteriores, no entanto como 2018 é um ano de eleições e, cada vez mais, é difícil prever a política econômica que será implementada. Os investidores e empresários terão muita cautela”, ponderou Walter Cover.

Para a Abramat, marcado negativamente pela continuidade da crise e positivamente pelo fim da recessão, o ano de 2017 se aproxima do fim indicando uma melhora no futuro. A questão é de como e quando esse reaquecimento econômico levará o setor da construção civil a atingir patamares próximos aos de 2013, quando foram observados recordes históricos para o setor na economia brasileira.